Parque Pajeú: um projeto inacabado






1º Ato
Em 1947, o prefeito Clóvis Matos (1946-47) contrata o engenheiro-urbanista Saboya Ribeiro para elaborar o "Plano de Remodelação e Extensão de Fortaleza". Neste plano, a preocupação com a área central se deve à sua importância como lugar de decisão governamental e sua condição de espaço simbólico. Saboya Ribeiro propõe, então, a criação de uma zona administrativa ao longo das marginais do Riacho Pajeú, fato que exigia o seu descortinamento em forma de espaço público e área verde.
Plano Saboya Ribeiro, 1947. Zona Administrativa e Parque Pajeú.

2º Ato
Em 1979, o Prefeito Lúcio Alcântara (1979-83), tira do papel a proposta de criação de um parque ao longo do Riacho Pajeú. A ideia é, após as indispensáveis obras de drenagem, construir o parque em quatro etapas com 4.7 km de extensão. Nesta época, o prefeito alcança o feito de concretizar a 1ª Etapa (trecho entre a Av. Dom Manuel e a R. Pinto Madeira), ocupando uma área de aproximadamente 1,5 ha, sendo 0,9 ha resultantes de desapropriações.
Parque Pajeú, 1979. Projeto em quatro etapas.
Parque Pajeú, 1979. 1ª Etapa.

Com o projeto do Parque Pajeú, elaborado pela Superintendência de Planejamento do Município (SUPLAM), vinha a intenção da Prefeitura de Fortaleza de revitalizar a zona central e fornecer mais espaços verdes para a cidade. O Parque Pajeú é em grande medida um projeto pioneiro de requalificação ambiental de áreas urbanas centrais.

O Parque Pajeú foi inaugurado com pavimentação em ladrilho hidráulico, bancos de concreto, três passarelas sobre o riacho executadas em concreto aparente, além das faixas de ajardinamento.




No início dos anos 1990, o Parque Pajeú foi adotado pela Câmara de Diretores Logistas (CDL), cuja sede situava-se em um de suas extremidades. Esta parceria reverteu-se em uma manutenção caprichosa, dando origem a iniciativas como a implantação de esculturas de artistas cearenses (Parque das Esculturas), em 1997.
Parque Pajeú como parque das esculturas, 2003.
A 3ª etapa do Parque Pajeú corresponde ao trecho do Paço Municipal, área patrimonial protegida, bom nível de manutenção, e que recebeu recentemente um projeto de requalificação, com a demolição de antigos anexos e a construção de um espaço articulado ao Palácio do Bispo.
Paço Municipal. Área correspondente à 3ª Etapa do Parque Pajeú

Ampliação da sede municipal junto ao Palácio do Bispo. Área correspondente à 3ª Etapa do Parque Pajeú. 





3º Ato
E como ficou a complementação do projeto do Parque Pajeú?
Não apenas foi esquecida como saiu da pauta de qualquer lista de prioridades. 
A difícil, onerosa (e politicamente pouco vantajosa) retirada do mercado atacadista da área central tornou-se um tremendo obstáculo para a implantação da 2ª etapa. O mesmo se pode dizer para a 4ª etapa do projeto, ainda que os atores interessados sejam outros.
Mercado Atacadista ao longo da R. Governador Sampaio. Área da 2ª Etapa do Parque Pajeú.