VLT Parangaba-Mucuripe ( I )











Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) :  Ramal Parangaba-Mucuripe

Principal obra de mobilidade urbana do Ceará para a Copa do Mundo, o VLT 'Ramal Parangaba-Mucuripe' teve sua obra iniciada em dezembro de 2012 com a limpeza de parte dos 12,7 km por onde os novos trens irão circular, além da marcação de locais para a construção do primeiro viaduto ferroviário, na Av. Dom Luís. 
O novo metrô leve cearense será construído pelo consórcio CPE-VLT Fortaleza, que venceu a licitação da nova linha férrea com a proposta de preço de R$ 179,54 milhões, valor 1,9% inferior aos R$ 183 milhões estimados pela secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) para as obras. 


A perspectiva inicial
O Ramal Parangaba-Mucuripe, em seu projeto original, previa 9 estações e uma extensão total de 12,7 quilômetros - são 11,3 km em superfície e mais 1,4 km em elevado entre a Parangaba e a Av. Aguanambi. Além das estações, o projeto concebe viadutos ferroviários sobre as avenidas Raul Barbosa, Pontes Vieira, Antônio Sales e Dom Luiz.
As nove estações: (1) Parangaba, (2) Montese (3) Vila União (4) Rodoviária, (5) São João do Tauape, (6) Pontes Vieira, (7) Antônio Sales, (8) Papicu, (9) Mucuripe.
O trecho ligando Parangaba ao Castelão teria 7 km, com três estações.

Público alvo
O ramal Parangaba-Mucuripe atravessa 22 bairros com uma área de abrangência de 505.162 habitantes e previsão de cerca de 90 mil passageiros diariamente.

A situação em dezembro de 2012
Ao longo de seu trajeto, o Ramal Parangaba Mucuripe terá oito estações: (1) Parangaba, (2) Montese, (3) Vila União, (4) Rodoviária, (5) São João do Tauape, (6) Pontes Vieira, (7) Papicu e (8) Mucuripe. Atualmente, os projetos básicos foram elaborados e estão em andamento as seguintes atividades: elaboração dos projetos executivos, cadastro social e avaliações de imóveis.
 
 


Desapropriações 
A primeira etapa de montagem do VLT está sendo realizada em locais onde não será necessário desapropriar residências, como os elevados da Parangaba e da Av. Aguanambi, e os viadutos ferroviários das avenidas Raul Barbosa, Virgílio Távora e Dom Luís.

Sobre os problemas envolvendo remoções de moradores, o governo cearense explica que cerca de 1.800 das 2.700 famílias da região já foram cadastradas para deixarem suas casas de acordo com a lei estadual 15.056.  
Pela legislação, os proprietários dos imóveis avaliados em até R$ 40 mil, além da indenização correspondente, receberão uma unidade residencial dentro do programa federal Minha Casa Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, com prestações custeadas pelo estado. Já os donos de residências avaliadas acima de R$ 40 mil receberão o valor correspondente à desapropriação em dinheiro. 

Análise do entorno das estações
O Programa de Educação Tutorial (PET) do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará, realizou em 2012 estudos sobre a localização e área de influência de algumas das estações do VLT Parangaba-Muricupe.

Confira: pet.arquitetura.ufc.br/


VLT Parangaba-Mucirpe. Estação Vila União: estudo do entorno. PET Arquitetura.

Fonte: http://www.metrofor.ce.gov.br/
          http://www.secopa.ce.gov.br/
          http://www.portal2014.org.br/
          http://pet.arquitetura.ufc.br/

Parque Pajeú: um projeto inacabado






1º Ato
Em 1947, o prefeito Clóvis Matos (1946-47) contrata o engenheiro-urbanista Saboya Ribeiro para elaborar o "Plano de Remodelação e Extensão de Fortaleza". Neste plano, a preocupação com a área central se deve à sua importância como lugar de decisão governamental e sua condição de espaço simbólico. Saboya Ribeiro propõe, então, a criação de uma zona administrativa ao longo das marginais do Riacho Pajeú, fato que exigia o seu descortinamento em forma de espaço público e área verde.
Plano Saboya Ribeiro, 1947. Zona Administrativa e Parque Pajeú.

2º Ato
Em 1979, o Prefeito Lúcio Alcântara (1979-83), tira do papel a proposta de criação de um parque ao longo do Riacho Pajeú. A ideia é, após as indispensáveis obras de drenagem, construir o parque em quatro etapas com 4.7 km de extensão. Nesta época, o prefeito alcança o feito de concretizar a 1ª Etapa (trecho entre a Av. Dom Manuel e a R. Pinto Madeira), ocupando uma área de aproximadamente 1,5 ha, sendo 0,9 ha resultantes de desapropriações.
Parque Pajeú, 1979. Projeto em quatro etapas.
Parque Pajeú, 1979. 1ª Etapa.

Com o projeto do Parque Pajeú, elaborado pela Superintendência de Planejamento do Município (SUPLAM), vinha a intenção da Prefeitura de Fortaleza de revitalizar a zona central e fornecer mais espaços verdes para a cidade. O Parque Pajeú é em grande medida um projeto pioneiro de requalificação ambiental de áreas urbanas centrais.

O Parque Pajeú foi inaugurado com pavimentação em ladrilho hidráulico, bancos de concreto, três passarelas sobre o riacho executadas em concreto aparente, além das faixas de ajardinamento.




No início dos anos 1990, o Parque Pajeú foi adotado pela Câmara de Diretores Logistas (CDL), cuja sede situava-se em um de suas extremidades. Esta parceria reverteu-se em uma manutenção caprichosa, dando origem a iniciativas como a implantação de esculturas de artistas cearenses (Parque das Esculturas), em 1997.
Parque Pajeú como parque das esculturas, 2003.
A 3ª etapa do Parque Pajeú corresponde ao trecho do Paço Municipal, área patrimonial protegida, bom nível de manutenção, e que recebeu recentemente um projeto de requalificação, com a demolição de antigos anexos e a construção de um espaço articulado ao Palácio do Bispo.
Paço Municipal. Área correspondente à 3ª Etapa do Parque Pajeú

Ampliação da sede municipal junto ao Palácio do Bispo. Área correspondente à 3ª Etapa do Parque Pajeú. 





3º Ato
E como ficou a complementação do projeto do Parque Pajeú?
Não apenas foi esquecida como saiu da pauta de qualquer lista de prioridades. 
A difícil, onerosa (e politicamente pouco vantajosa) retirada do mercado atacadista da área central tornou-se um tremendo obstáculo para a implantação da 2ª etapa. O mesmo se pode dizer para a 4ª etapa do projeto, ainda que os atores interessados sejam outros.
Mercado Atacadista ao longo da R. Governador Sampaio. Área da 2ª Etapa do Parque Pajeú.





Uma Mutação Assombrosa






O espaço sagrado que virou rotatória

É difícil justificar às novas gerações as transformações sofridas pelo espaço público que se configura no entorno imediato da Catedral Metropolitana de Fortaleza. Nos anos 1930, tinha-se um espaço público privilegiado, sagrado, de rara adequação à escala arquitetônica que o enquadrava, com destaque para sua intensa articulação com a pele da nave católica. Disso resultava uma grande capacidade qualitativa de acolher multidões, e mesmo fundir na paisagem elementos como a linha do bonde.



A antiga igreja foi demolida em 1939. A nova Catedral, projetada pelo arquiteto francês George Henri Mounier, somente seria concluída em 1972. 
Resulta desta operação uma assombrosa transformação do espaço público circundante à Sé...







Na atualidade, dispõe-se de um espaço (semipúblico?) que funciona como uma rotatória de distribuição do tráfego de acesso da zona leste ao centro, sendo que sua parte mais próxima à Catedral foi convertida em um pátio de estacionamento.





Sistema Público de Áreas Verdes ( I )





Inventário do Sistema Público de Áreas Verdes - 2009
Fonte: Fortaleza em Números. PMF, Sepla, 2009.


Em 2009, a Prefeitura de Fortaleza contabilizou oficialmente o sistema público de áreas verdes com um total de 786,03 ha, correspondendo a apenas 2,35 % do território municipal.











O mais grave é que deste total de 786,03 ha, apenas 30,55% encontra-se efetivamente implantado como área verde pública e em condições de uso apropriado. A área restante (545,89 ha), sofreu as mais diversas irregularidades (invasão, ocupação indevida, doação ou não implantação).



O pode explicar a ausência de ação pública em defesa de suas áreas verdes?
São muitas as versões justificativas: clientelismo, leniência, inapetência para o planejamento, ausência de vontade política...  
Enquanto isso, o compromisso firmado no Plano Diretor Participativo sobre o sistema de áreas verdes continua a esperar que seja honrado.


Legislação : o que diz o Plano Diretor?
Fonte: Lei Complementar nº 062, de 02/02/2009. Plano Diretor Participativo do Município de Fortaleza.

CAPÍTULO III - Da Política de Meio Ambiente
Seção IV - Do Sistema de Áreas Verdes

Art. 20 - São ações estratégicas para o sistema de áreas verdes:
I - promover o adequado tratamento da vegetação enquanto elemento integrador na composição da paisagem urbana;
II - a gestão compartilhada com a sociedade civil e iniciativa privada das áreas verdes públicas significativas;
IV - a manutenção e ampliação da arborização de vias públicas, criando faixas verdes que conectem praças, parques ou áreas verdes;
V – a recuperação de áreas verdes degradadas, de importância paisagístico-ambiental; 
VI - o disciplinamento do uso, nas praças e nos parques municipais, das atividades culturais e esportivas, bem como dos usos de interesse comercial e turístico, compatibilizando-os ao caráter público desses espaços;
VII – estabelecer programas de recuperação das áreas verdes, principalmente daquelas localizadas no entorno das nascentes e dos recursos hídricos;
VIII - implantar programa de arborização nas escolas públicas, postos de saúde, creches e hospitais municipais;
IX - estabelecer parceria entre os setores público e privado, por meio de convênios, incentivos fiscais e tributários, para a implantação e manutenção de áreas verdes e espaços ajardinados ou arborizados, atendendo a critérios técnicos estabelecidos pelo Município (...);
X - implementar o Sistema Municipal de Áreas Verdes;
XI - elaborar diagnóstico e zoneamento ambiental de Fortaleza, contendo as áreas verdes e, dentre outros, o mapa de potencial de regeneração das áreas de preservação permanente para o desenvolvimento de programas e projetos de recuperação ambiental;
XIII - implantar parques urbanos;
XIV - elaborar e implementar o plano municipal de arborização.


Zoneamento Ambiental - Plano Diretor Participativo 2009.

A Importância do Verde para o Clima





Pesquisa demonstra a variação do clima em Fortaleza em função da cobertura vegetal

Fonte: BRANCO, K. et al. O clima em áreas verdes intra-urbanas de Fortaleza. In Revista GEONORTE, Edição Especial 2, v.2, nº5, pp.443-454, 2012.





Pesquisa realiza medição de temperatura no Parque do Cocó, maior área verde da cidade. Trata-se de um parque ecológico protegido por leis municipais e estaduais, mas ameaçado por forte pressão imobiliária. 

Foram colocados dois pontos de medição: 
O ponto interno está localizado no interior do parque em área densamente arborizada com árvores de médio a grande porte. Há pouco fluxo de pessoas, pois funciona como área de lazer e atividades físicas. 

O ponto externo esta localizado na Av. Engenheiro Santana Júnior, em trecho densamente construído e ocupado principalmente por edifícios com o gabarito elevado . Nesta área há menor circulação de ventos. 



Resultado -
Temperatura no ponto interno (1) - Parque do Cocó.
Observou-se as menores temperaturas da pesquisa:
25,6°C a 26,6°C (período chuvoso) e 24,9°C a 26,9°C (seco).

Temperatura no ponto externo (2) - Av. Engenheiro Santana Júnior.
Observou-se temperaturas mais elevadas:

26,1°C a 27°C (período chuvoso) e 25,4°C a 27°C (seco).

Conclusão -
Pesquisas como esta comprovam dois fatos de amplo conhecimento do senso comum:
- A massa de área verde contribui significativamente para a amenidade climática;
- A forte densidade construtiva aliada a um forte volume de tráfego gera ilhas de calor. 

Fortaleza que Ti Quero Verde





Mapeamento das Áreas Verdes do Município de Fortaleza
Fonte: Jornal O Povo de 15/11/2012

Áreas verdes urbanas são espaços físicos com prevalência de vegetação arbórea de grande importância para a qualidade de vida na cidade. Fazem parte das áreas verdes: praças, parques, jardins botânicos, jardins zoológicos, complexos recreativos e esportivos, hípicas, cemitérios-parques, dentre outros. A preservação da natureza e a aclimatação de sua área de domínio estão entre as prioridades destes ambientes, contribuindo para bem-estar da população local.

O recente 'Mapeamento de Áreas Verdes do Município de Fortaleza' (UECE-SEMAM) identificou que em toda a cidade são 91,97 km² de vegetação, entre áreas públicas e particulares. Foram incluídas também no estudo, além dos verdes particulares (como os jardins), áreas livres, mas que tenham projeção de arborização, como campos de futebol, e áreas verdes recuperáveis.
Isso significa que 29,20% do território fortalezense é de cobertura vegetal.


Relação Área Verde / Regional Administrativa - Fortaleza, 2012 








A iniciativa é muito louvável, sobretudo porque constitui um passo importante para o planejamento do sistema de áreas verdes no Município de Fortaleza.




No entanto, é de se estranhar a não publicização da pesquisa. Por que restringir uma informação de tal relevância ao conhecimento público?